Terra de tradições, que luta pela modernidade. É vasta a história da Freguesia de Sande. Sede do concelho de Bem Viver, no século XVIII, Sande reúne, numa área de oito quilómetros quadrados, a serenidade da montanha banhada pelo rio Douro. Hoje, com sensivelmente dois mil habitantes e 1600 eleitores, Sande é uma das 31 freguesias que compõem o concelho de Marco de Canaveses. Freguesia de tradições, onde o artesanato e a gastronomia assumem um destaque especial, Sande ainda mantém alguns dos traços que contam a sua história. O próprio nome deriva da palavra hebraica sandel, em português sandália, isto porque a freguesia fazia parte do roteiro dos chamados caminhos de Santiago e a sandália era o calçado típico dos peregrinos de Santiago de Compostela. O Rio Douro sempre foi bastante importante para a freguesia e para o concelho, pois era palco de grandes transacções comerciais. O tecido económico caracteriza-se por pequenas indústrias têxteis e de construção civil, que apesar de pequenas empregam uma parte considerável da população activa da freguesia. Costa Pinto, presidente da Junta de Freguesia, está no seu primeiro mandato. Um ano depois de ser empossado faz um balanço positivo do trabalho desenvolvido pelo Executivo, “todos têm conhecimento que, devido ao grande endividamento da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, as juntas de freguesia não dispõem de muitas verbas para grandes obras, não obstante, o balanço é positivo, mas queremos acreditar que nos três anos que faltam vamos poder fazer mais. Ainda estamos a aprender a ser autarcas e a conhecer bem a freguesia, todos os seus problemas e realidades”, diz. Melhorar a qualidade da população é um objectivo, porém, na opinião do nosso entrevistado só se pode falar em qualidade de vida ou desenvolvimento quando as pessoas nascem, crescem, estudam e trabalham na freguesia, o que actualmente não acontece, “Sande está cada vez mais envelhecida, porque os mais jovens são obrigados a abandonar a sua terra, pois por um lado não têm emprego e por outro a oferta de habitação é bastante reduzida e os preços dos terrenos para construção são exorbitantes. Este ano vamos proceder à revisão do PDM, é urgente alterá-lo ou mesmo criar um novo”. Ao longo do ano as principais apostas incidiram na criação de algumas iniciativas inéditas e na qualificação dos serviços públicos. Questões como o posto público de Internet, a abertura do Centro de Dia, dotar o parque escolar existente com melhores condições, foram projectos prioritários. “No edifício da Junta de Freguesia temos a funcionar aulas de música e, a curto prazo, vamos fazer formação sénior, destinada a pessoas que não sabem ler nem escrever, mas também aulas de informática para todas as pessoas que queiram desenvolver os seus conhecimentos nessa área. Tentamos satisfazer as necessidades das pessoas que nos interpelam diariamente”, sumaria. As bandeiras da campanha eleitoral foram questões relacionadas com a rede de abastecimento de água e saneamento, a requalificação da praia do Vimieiro e a educação. De acordo com Costa Pinto, a rede de abastecimento de água existente é precária e abastece apenas uma pequena parte da população. No que concerne ao saneamento a situação ainda é pior, pois não existe. “Hoje temos um projecto apoiado em fundos comunitários e, até ao final de 2007, teremos de o concretizar. Esta é a nossa maior aposta para este mandato, até porque nunca poderemos falar de desenvolvimento, em qualidade de vida sem saneamento e água, aliás pode-se mesmo considerar um problema de saúde pública. Outro projecto importante é a requalificação e legalização como espaço de lazer da praia do Vimieiro. No mesmo âmbito, pretendemos também fazer a requalificação paisagística do parque de merendas da freguesia, um espaço privilegiado, considerado por muitos um ex-libris”, adianta o autarca.“A questão da educação é demasiado séria para ser descurada”, diz, acrescentando que, “se queremos formar grandes homens e mulheres para o futuro, temos de lhes dar alicerces fortes desde o jardim-de-infância, das escolas primárias. Se lhes dermos agora as condições necessárias para que possam ter um crescimento sustentado, estamos a contribuir para um melhor futuro do País e, ao mesmo tempo, combatemos o abandono escolar, que no concelho é bastante significativo. São várias as alterações que gostaríamos de fazer ao nível do ensino”. Rede viária, iluminação pública, qualificação dos funcionários e levantamento toponímico são alguns projectos que Costa Pinto ambiciona resolver a médio prazo. Esta Junta de Freguesia denota também uma grande preocupação em ajudar, quer em termos financeiros, quer logísticos, iniciativas de índole desportiva e cultural. A semana cultural é um bom exemplo do desporto aliado à cultura, que cativou a atenção de todas as faixas etárias, um projecto que o nosso interlocutor promete organizar novamente este ano. “Existem muitos projectos e vontade para os concretizar, faltam apenas os meios, mas acredito que ao longo do mandato vamos conseguir cumprir o nosso objectivo, ou seja, melhorar a qualidade de vida da população”, conclui.
A liderar o destino da freguesia há cerca de seis meses, António Costa Pinto fala dos projectos em agenda, em entrevista ao jornal «O Primeiro de Janeiro».
